ARTIGO DE OPINIÃO

Katharine Rawdon: Um Retrato Artístico de António Carrilho

5 de Dezembro, 20252 Minutes

Desde a primeira vez que ouvi o António tocar, há muitos, muitos anos, ele se destacou como um músico singular, espalhando uma alegria única de fazer música através da sua interpretação, das escolhas de repertório e, mais recentemente, da direção musical.

Ele teria então cerca de 16 anos, era aluno do Conservatório de Lisboa; eu estava no júri. Ouvi uma dúzia de estudantes a fazer exames… e um que já era músico, tocando música com energia e refinamento.

Desde esses dias, os nossos caminhos continuaram a cruzar-se no palco, ocasionalmente, quando tocou um concerto virtuoso com a minha orquestra, e intencionalmente, em vários grupos de música de câmara, explorando tanto a música contemporânea como a barroca, em concertos por Portugal, pelos Estados Unidos e em duas digressões na Índia.

Um intérprete nato, ele libertou a flauta de bisel das suas amarras renascentistas e barrocas, tocando sonatas de Mozart e Schubert, adaptando obras do século XX, e criando um novo repertório para o instrumento ao encomendar obras a compositores da atualidade. Dotado de uma imaginação inesgotável e de uma capacidade instrumental notável, as suas performances tornam-se uma experiência verdadeiramente viva, e não uma simples recriação de algo poeirento ou pré-determinado.

Acima de tudo, ele traz às intenções do compositor um génio interpretativo profundamente pessoal, criando assim uma nova totalidade e, desse modo, dando vida a qualquer tipo de música que interpreta, encantando públicos em todo o mundo.

Katharine Rawdon, flautista

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